RELEMBRANÇAS 3ª Parte
SOBRE A GRANDE MAÇÔNICA DE SERGIPE E SUA FUNDAÇÃO
Relembrando os quarenta anos da primeira Potência Maçônica instalada em Sergipe.
Por Antônio Fontes Freitas – Grão Mestre Ad. Vitam e fundador da Grande Loja Maçônica de Sergipe, é professor Emérito da Universidade Federal de Sergipe, membro fundador da Academia Sergipana de Educação, membro Fundador da Academia Maçônica Sergipana de Artes, Ciências e Letras, Ex-Presidente da Fundação Universidade Federal de Sergipe, Ex-Secretário de Estado da Educação e Cultura de Sergipe, de Sergipe; é também, palestrante e escritor. Dentre os livros publicados, destaque para as obras: MAÇONARIA – Da Antiguidade até Sergipe, Editora Infografics, 2017, A PROVA DOS NOVE – Minha vida Além dos Números- uma autobiografia, Editora Infografics, 2021, Introdução à Matemática Moderna, Gráfica J ANDRADE e Educação Especial em Sergipe, (A F Freitas e outros), uma publicação da Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra, 1972.
INTRODUÇÃO:
Preliminarmente, e no desejo de facilitar o entendimento do porquê da criação de uma Potência Maçônica em sergipe, permitam-me oferecer-lhes, alguns dados e informações sobre o surgimento das Grandes Lojas Maçônicas no Brasil.
As Grandes lojas Maçônicas Brasileiras, surgiram a partir de um grande movimento, pedindo por transformações e mudanças no Grande Oriente do Brasil – GOB, em 1927, movimento este, conhecido como o manifesto de Mário Behring; até então, a maçonaria brasileira estava representada pelo Supremo Conselho, que através de suas Lojas Simbólicas, ou diretamente, exercia atividades administrativas e litúrgicas, sob o comando e direção de um Grão Mestre Geral para todo o Brasil.
Neste mesmo ano de 1927, centenas de Lojas Simbólicas do Rito Escocês Antigo e Aceito da Maçonaria para a República Federativa do Brasil, afastaram-se do Grande Oriente do Brasil e, aceitando a direção segura do Soberano Grande Comendador Mario Behring, formaram as Grande Lojas Regulares, independentes e soberanas, as quais rapidamente passaram a ser reconhecidas pela Maçonaria, internacionalmente.
A constituição das primeiras Grandes Lojas Maçônicas do Brasil, ocorreu a partir de 1927, nos estados do Amazonas, Pará, Paraíba, Bahia, Minas Gerais, São Paulo e no estado da Guanabara, então Distrito Federal; alguns meses depois foram constituídas as Grandes Lojas dos estados do Rio Grande do Sul e do Ceará, respectivamente, em janeiro e março de 1928. Veja a seguir o mapa com as datas de fundação de todas as Grandes Maçônicas do Brasil.
Atualmente, as Grandes Lojas existem em todos os estados e no Distrito Federal -Brasília.
Inicialmente as Grandes Lojas seguiam as diretrizes estabelecidas pelo Supremo Conselho, que determinava a ritualística a ser cumprida em todas as Lojas, bem como interferia nos aspectos administrativos, o que não refletia a proposta inicial de Mário Behring quanto a soberania e independia das Potencias Estaduais.
Durante algum tempo, as Grandes Lojas funcionaram sem uma estrutura organizacional, que desse a devida e necessária representatividade, principalmente, frente às grandes causas do interesse da Sociedade Brasileira, surgiram, então, as chamadas Mesas Redondas, onde os Grão Mestres se reuniam anualmente, em determinados Estados da Federação, na tentativa de alinhar algumas atitudes e procedimentos comuns; ao todo, foram realizados 14 (quatorze) desses encontros e, em 1965, por proposta da Muito Respeitável Grande Loja do Estado do Ceará foi criada e devidamente instalada no ano seguinte, em julho de 1966, a Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB, entidade civil de direito privado, sem fins econômicos e lucrativos com sede e foro em Brasília.
Com a criação e funcionamento da CMSB, que já contava com 18 (dezoito) Potências associadas, os Estados que ainda não tinham Grandes Lojas, tiveram a colaboração daquelas já em funcionamento, para constituição e instalação de novas Entidade (Grandes Lojas) a integrarem o quadro das confederadas, foi o que aconteceu em Sergipe, em 1983 conforme narrativa a seguir.
Queridos irmãos, maçons e não maçons. 15 de novembro é um dia muito especial para a Maçonaria Brasileira, mais especial, ainda, para a Maçonaria Sergipana. É um dia de festas, de comemorações, de modo a relembrar um fato histórico para toda nossa Sociedade. Foi em 15 de novembro de 1983 que a Grande Loja Maçônica Estado de Alagoas-GLOMEAL, trouxe para Sergipe uma Potência denominada Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe. Para que isto acontecesse, muita coisa se passou envolvendo pessoas e fatos, que precisam ser relembradas, para melhor entendermos a história e o significado desta conquista, que se fez com grandes sacrifícios de alguns abnegados irmãos, muitos dos quais já não se encontram entre nós, porque foram chamados pelo Grande Arquiteto do Universo a executar outras missões em Plano Superior.
Tudo começou com a fundação da Loja Simbólica SETE DE SETEMBRO Nº 09, em 1973, quando, um foco de luz passou a iluminar alguns caminhos que permitiram chegássemos a ser essa Potência Maçônica, denominada Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe, mas, para chegarmos a esta condição, enfrentamos várias batalhas, todas vencidas com garra e determinação dos Obreiros da época, alagoanos e sergipanos, que não mediram esforços para a concretização deste sonho, hoje uma grande realidade.
Com a fundação desta primeira Loja alagoana em nosso Estado, e contando com a clarividência do saudoso irmão Pedro dos Santos filho, então Grão Mestre da Muito Respeitável Grande Loja Maçônica do estado de Alagoas – GLOMEAL, foram fundadas, ainda sob seu comando, mais 5 (cinco) Oficinas Maçônicas, na Capital, Aracaju, e interior do Estado: Loja Simbólica Luzes da Serra – Itabaiana, Loja Simbólica Unidos da Serra – Itabaiana, , Loja Simbólica Serigy, em Aracaju,Loja Simbólica Luzes da Piedade – Lagarto, Loja Simbólica Tiradentes -Aracaju.
Como membro ativo da Augusta e respeitável Loja Sete de Setembro e conhecendo a realidade das outras Oficinas alagoanas, sediadas em Sergipe, e, estudando as razões que levaram a criação destas, em território sergipano, foi possível sentir o drama dos irmãos, principalmente dos dirigentes, que durante 10 anos se submetiam a uma situação burocrática, meio esdrúxula, em que tudo dependia do aval e consentimento do Grão Mestrado alagoano, dificultando o desenvolvimento das ações das Oficinas sediadas em Sergipe, que à época, já possuía mais 6 lojas, além da Sete de Setembro. O desertar desta situação, exigia uma maior participação das nossas Lojas na administração dos negócios da Grande Loja Maçônica de Alagoas.
Era 1982, quando assumiu o Grão Mestrado em Alagoas, o estimado e saudoso irmão ISMAR NASCIMENTO DA SILVA em cuja plataforma de trabalho para sua gestão, incluiu o propósito de fundar a Grande Loja Maçônica do Estado de Sergipe. A primeira atitude administrativa do novo Grão Mestre, foi a de nomear o irmão Antonio Fontes Freitas, que na época exercia o cargo de Venerável Mestre da Augusta e Respeitável Loja Sete de Setembro Nº 09, da jurisdição de Alagoas, para exercer o cargo de Deputado Grão Mestre, (hoje Grão Mestre Adjunto), uma visão de futuro, pois, ele sabia das dificuldades que iria enfrentar para implantar uma nova Potência Maçônica no Brasil, principalmente, por saber que a maçonaria em nosso Estado de Sergipe, era forte, atuante e muito bem representada, exclusivamente, pelo Grande Oriente do Brasil – GOB, que à época, possuía 3 (três) lojas em pleno funcionamento, a Cotinguiba, a Clodomir Silva e a Loja Pihauitinga, as duas primeiras localizadas em Aracaju e a última na cidade Estância.
Ao assumir o novo cargo na Grande Loja Maçônica de Alagoas, o irmão Antonio Fontes Freitas assumiu também, o compromisso de estruturar, no menor espaço de tempo possível, todas as oficinas de Sergipe jurisdicionadas a Alagoas, e providenciar os meios para implantação da tão sonhada GRANDE LOJA MAÇÔNICA DO ESTADO DE SERGIPE-GLEMESE. Contando com a colaboração efetiva dos irmãos sergipanos e alguns de Alagoas, as providencias foram adotadas, e, em tempo recorde, um relatório bem detalhado, foi apresentado ao Sereníssimo Grão Mestre Ismar Nascimento de Silva dizendo da viabilidade e, principalmente, mostrando o nível de engajamento dos irmãos da Capital e do Interior de Sergipe, durante todo processo de preparação das Oficinas, visando alcançar a meta. Isto foi o suficiente, para uma tomada de decisão, que marcou a vida da maçonaria sergipana, a partir de 1983. Foi fundada, então, A Muito Respeitável Grande Loja Maçônica de Sergipe, Entidade, autônoma, soberana e independente, filiada à Confederação da Maçonaria Simbólica do Brasil – CMSB e à Confederação da Maçonaria Interamericana – CMI.
A solenidade de instalação da mais nova Potência maçônica do Brasil e posse do seu primeiro Grão Mestre, Antonio Fontes Freitas, foi na verdade, o maior acontecimento maçônico social da década de 1980, até então já realizado nos estados de Alagoas e Sergipe, pois dele participaram as principais autoridades da Maçonaria Brasileira, e maçons vindos de vários Estados, inclusive da Capital Federal, bem como, Maçons de todas as Lojas sergipanas jurisdicionadas a Alagoas, além da participação de uma numerosa comitiva de irmãos das três Lojas jurisdicionadas ao Grande Oriente do Brasil, coordenada pelos respectivos Veneráveis Mestres; Foi tanta gente que a “Loja Sete de Setembro” ficou pequena, exigindo que a reunião fosse realizada de portas abertas. Como na época não dispúnhamos de maiores recursos audiovisuais, como telões por exemplo, muitos irmãos aguardaram no primeiro piso da Loja, enquanto outros assistiram a solenidade de maneira um tanto desconfortável.
Conheça, através das fotografias a seguir, os fundadores e alguns momentos que marcaram a fundação desta VENERANDA Instituição a que todos nós pertencemos.
Para relembrar estes 40 anos de existência da nossa GLMESE, se faz necessário dar conhecimento de alguns aspectos desta trajetória; tínhamos aproximadamente, 100 (cem) Obreiros distribuídos em 7 (Sete) Lojas, incluindo a Estrela da Mata, do Oriente de Boquim, inaugurada no início da administração de Ismar Nascimento da Silva, este, sem dúvida alguma, foi o maior obstáculo; Um outro problema enfrentado foi a inexistência de uma sede própria para o desenvolvimento das nossas ações de cunha maçônico e administrativas; Hoje, contamos com um Palácio Maçônico que abriga o Templo-Mor, com capacidade para 300 lugares, o maior do estado de Sergipe, e mais dois pequenos Templos, devidamente sagrados, onde se reúnem várias Lojas da Capital, além de abrigar as instalações da Grande Inspetoria Litúrgica do Supremo Conselho do REAA, da Maçonaria para a República Federativa do Brasil. O referido Palácio ainda dispõe de um amplo Salão de Festas, destinado à realização de grandes eventos sociais. Nada, porém, nos fez desanimar, ao contrário, as dificuldades se constituíram na principal motivação para realização do nosso sonho, e concordando o pensador, não sonhamos sozinhos, a força, a união, e a vontade de fazer, foram os instrumentos utilizados, para que hoje tivéssemos 26 (vinte e seis) lojas em pleno funcionamento, num total de mais de 600 (seiscentos) Obreiros ativos, distribuídos em vários municípios sergipanos, inclusive no sertão.
Ah! como eu gostaria lembrar dos nomes e das figuras de todos aqueles que contribuíram ao longo destas 4 (quatro) décadas de existência da nossa querida Grande Loja. Foram tantos os colaboradores, que o chip da minha memória não comporta mais armazenar, porém, peço vênia aos irmãos, para homenagear a todos, nas pessoas daqueles que estiveram mais próximos de mim, não só no episódio da fundação, como nos 13 (treze) anos em que dirigi os destinos da nossa Instituição, na condição de Sereníssimo Grão Mestre
- José Antônio Macêdo – Deputado Grão Mestre e grande incentivador das fundações das Lojas do interior;
- Clementino Moura da Silva – Grande Secretário de Relações Exteriores;
- José Geraldo da Cruz Oliveira – Grande Secretário Adjunto das Relações Exteriores;
- Antonio Cesar Soares dos santos – Grande Secretário das Relações Interiores;
- José Tadeu monteiro Ferreira – Grande secretário das Relações interiores Adjunto;
- José Djalmir Nunes – Grande Tesoureiro;
- João Teles de Meneses – Grande Tesoureiro Adjunto;
- José Carlos Alves de Almeida – Grande Hospitaleiro e
- Clairton Santana – Grande Hospitaleiro Adjunto.
Esta foi a primeira diretoria da nossa Grande Loja, nomeada e empossada no dia 15 de novembro de 1983, logo após minha posse como primeiro Grão Mestre da GLMESE.
Por dever de reconhecimento, de fazer justiça e de muita gratidão, destaque para a participação efetiva dos estimados irmãos Braz Ferreira, Florival José de Sousa, Alberto Bezerra Ribeiro, José Augusto Freire, Raimundo Ramos Braga, Nivaldo Elias Barbosa, Jorge Henrique Pereira Prata, Hermínio Gomes, José Gomes Amorin, Jorge Henrique P. Prata, José Valter Rodrigues, Valmir Silva Andrade e Vasco Viana que, embora não tenham ocupado cargos na primeira Diretoria, (exceto José Antônio Macêdo), foram de uma importância fundamental para implantação e desenvolvimento das primeiras ações implementadas em nossa Instituição.
Impossível esquecer pessoas como Daniel Elias de França, Manoel Messias Lima, Amaro Silva Santos, Renato Santos Teixeira, Djacir Valença Lins, Raimundo Goncalves, Felismino, Edvaldo Messias, Arnaldo de Ribeirópolis, Marcelo Hora, Hamilton Andrade, Valdemar dos Santos, Unaldo Caetano Iglesias, José Alves dos Santos, Antonio Murilo, Murilo Rezende, Armando Rezende, Agnaldo Sobral, José Barreto Leal, Giovane Pinto Lírio, Roberto Arciere, Genivaldo Monteiro, Otaviano Canuto, Bergson Santiago, José Eleno, Francisco Bittencourt, Jonas Silvino, Linderval Pessoa, Darcy Tavares, Jorge Adalberto, sem falar do desprendimento, boa vontade e interesse do saudoso irmão Ex Grão Mestre de Alagoas Ismar Nascimento, que se dispôs a abrir mão das Oficinas de Sergipe, em número de 7, com prejuízos para o funcionamento de sua Grande Loja, à todos a nossa Gratidão.
Nestes 40 anos de existência, a Grande Loja teve a felicidade de contar com a efetiva participação de 6 (seis) Grão Mestres a saber: Antonio Fontes Freitas, Raimundo Ramos Braga, José Gomes Amorim, José Valter Rodrigues dos Santos, Jorge Henrique Pereira Prata e, ainda no exercício do cargo, Alberto Jorge Franco Vieira.
- ANTONIO FONTES FREITAS – Grão Mestre fundador – Períodos administrativos: 1983/1984, 1984/1987, 1987/1990, 2002/2005, 2005/2008.
- RAIMUNDO RAMOS BRAGA – Períodos administrativos: 1990/1993, 1993/1996
- JOSÉ GOMES AMORIM – Períodos administrativos: 1996/1999, 1999/2002
- JOSÉ VALTER RODRIGUES DOS SANTOS – Períodos administrativos: 2008/2011, 2011/2014
- JORGE HENRIQUE PEREIRA PRATA – Período administrativo: 2014/2017
- ALBERTO JORGE FRANCO VIEIRA – Grão Mestre atual, no exercício do cargo desde 1917.
40 (quarenta) anos de muita união e participação propositiva de todos, indistintamente; uma trajetória construída com o trabalho de irmãos que se dedicaram com muito amor em prol de uma causa, que vem produzindo bons frutos no seio da Maçonaria Brasileira, especialmente, em Sergipe.
Com estas informações, aproveito da oportunidade para parabenizar o Povo Maçônico de Sergipe, especialmente aos maçons e familiares da Grande Loja, pela passagem de mais um aniversário desta Instituição, que vem prestando relevantes serviços a nossa Sociedade e, ao mesmo tempo, pedir ao Grande Arquiteto do Universo, que ilumine a todos, a fim de que alcancemos a Paz e o Amor em Cristo Jesus.
Aracaju, Sergipe, em 15 de novembro de 2023
ANTONIO FONTES FREITAS.